sábado, 7 de maio de 2011

Sexto sentido

sexta-feira, 6 de maio de 2011

estresse a doença do milênio.

Em minha opinião, a doença do milênio não é a Aids, nem a Influenza A H1N1, e muito menos a obesidade. A doença do milênio é o estresse! O corre-corre, a pressa eterna, o excesso de trabalho com pouco tempo para realizá-lo, o aumento das obrigações e responsabilidades, tudo isso junto tem levado a humanidade a um estado de nervosismo perene. Temos carregado muita coisa nas costas (lá ele) e o peso se faz sentir com as enxaquecas, insônia, palpitações, taquicardias, dores musculares, hipertensão, falta de paciência, agressividade e por aí vai. Vivemos num mundo de alta velocidade, internet banda larga, correio eletrônico, barbeador elétrico, forno micro-ondas… Tudo para nos dar mais tempo para nós mesmos. Só que, ao invés de desfrutarmos desse “tempo extra”, preferimos vendê-lo ao nosso empregador/contratante acumulando mais funções. O pior é que, se não o fizermos, alguém faz no nosso lugar e perdemos o emprego, sobrando muito mais tempo e bem menos dinheiro. O monstro do capitalismo é insaciável e, por isso, temos que produzir riquezas desenfreadamente, caso contrário vem outra crise mundial e o estresse aumenta ainda mais. Ou seja, nos transformamos em escravos de nós mesmos (nos cobrando cada vez mais) e do mercado duas vezes, pois somos escravizados pela produção (no trabalho) e pelo consumo (quem nunca se apertou pelo menos uma vez para comprar um produto ou equipamento “de marca boa” que tanto almejava?). A carga horária excessiva por causa da necessidade de aumentar a renda ou pelo crescimento profissional (trabalho + estudo) tem nos levado a apresentar sintomas típicos dos neuróticos, como fobias e paranoia. Vivemos achando que o colega de trabalho quer passar a perna na gente, que o patrão está insatisfeito com o trabalho, que a mulher/marido está “lavando roupa pra fora” e que os vizinhos implicam com a gente. Como mecanismo de defesa, usamos a transferência: dizemos que o colega é um workaholic filho da mãe e não deve ter vida social, pois só pensa no trabalho, que o patrão é um carrasco que deixaria Hitler no chinelo, que a esposa é uma ingrata que não valoriza nosso esforço para botar comida na mesa e que o vizinho é invejoso, gentinha, sem classe, mal-educado, viado e corno (quem é que está implicando agora?). Fazendo-os parecer piores, nos sentimos melhores, mas será que o problema é com eles ou conosco? Quando perdemos a paciência e agredimos verbalmente quem está do nosso lado será que fomos realmente provocados ou não temos mais nem um grãozinho de tolerância? Outra forma muito comum de demonstrar que o estresse está realmente afetando alguém é a somatização (manifestar um problema psíquico através de sintomas físicos). Queixas como (no popular) dor no peito, falta de ar, “aperto no coração”, tremores nas mãos, secura na boca e “coração disparado” são muito frequentes em pacientes com estafa. Alguns sintomas neurológicos, como amnésia (não aquela de desenho animado que faz o cara esquecer o próprio nome, mas sim esquecer compromissos, obrigações, abrir o armário e esquecer o que ia pegar, etc.), paralisia facial (a boca entorta para o lado) e até perda da fala também ocorrem. E esses pacientes são quem mais se angustiam, pois não aceitam que se trata de um problema puramente psicossocial e acabam realizando inúmeros exames, todos negativos. Inconformados, reclamam do médico, da clínica, do laboratório, dizem que todo mundo é incompetente, já que “não descobre o que é que ele tem”. O problema é que o diagnóstico já está feito, ele que não aceita. Além de causar problemas, o estresse pode agravar doenças preexistentes como hipertensão, obesidade, diabete, transtornos menstruais, entre outros. Isso dificulta muito o controle dessas mazelas, pois quando o paciente está sobrecarregado no trabalho o médico se vê obrigado a aumentar as doses da medicação para diminuir os sintomas e os riscos de infarto ou AVC. Porém, quando o cara está relaxado, a dose do fármaco torna-se relativamente alta, levando a efeitos indesejáveis e temos que corrigir a prescrição novamente. Isso é péssimo tanto pro médico quanto para o paciente, muitas vezes levando a uma relação difícil entre os dois. O mundo moderno é um verdadeiro vampiro que nos suga até secarmos, mas para que ele não nos destrua precisamos rever prioridades e moderar nossas tarefas. Temos que avaliar a real necessidade de viver em grandes centros com um trânsito caótico, grades, assaltos e violência. Que tal mudar-se para uma cidade um pouco menor com melhor qualidade de vida? Precisa-se pesar se vale a pena aumentar a renda com uma carga horária incompatível com a vida. Não seria melhor rever os gastos e se adaptar ao seu salário? Saúde é muito cara e paz não tem preço. Reveja seus princípio e pense em você um pouco, só pra variar.