quarta-feira, 5 de agosto de 2009

água viva.

O Evangelho segundo João narra uma intrigante passagem da vida do Cristo. O Mestre Divino, ao passar pela Samaria, assentou-Se junto à fonte de Jacó. Pediu a uma mulher que lá estava que Lhe desse de beber. A samaritana ficou escandalizada por um judeu lhe dirigir a palavra. Jesus respondeu que, se soubesse com quem falava, ela é que Lhe pediria água viva. Ante a incompreensão da interlocutora, ressaltou que quem bebe da água viva nunca mais tem sede. Segundo a narrativa, a mulher ainda demonstrou dúvida a respeito de qual local seria o melhor para adorar a Deus ao que o Cristo lhe respondeu que Deus deve ser adorado em Espírito e Verdade. Essa passagem evangélica é um tanto hermética e comporta várias leituras. Uma delas é que a água viva refere-se a uma nova forma de compreensão da Divindade. Até então, vigorava a idéia de um Deus dos exércitos, que precisava ser temido. Segundo a concepção vigorante, Ele se encolerizava, castigava terrivelmente e devia ser agradado e aplacado. Jesus apresentou ao mundo um Deus amoroso, ao qual chamou Pai. Não se tinha mais um soberano terrível no comando do Universo. Agora já havia um Pai cheio de amor e infinito em Seus cuidados. Essa sagrada emoção do amor Divino possui o condão de repletar as criaturas de paz. As necessidades e agruras materiais passam a ser vistas por outra concepção. Elas não são mais um castigo, mas uma tarefa e uma oportunidade. A Divindade piedosa e cheia de compaixão deseja que o bem se instaure no Cosmo. Ela almeja a transformação de Seus filhos e a salvação de absolutamente todos. Para tanto, faculta-lhes trabalhos e tarefas, a fim de que cresçam, aprendam e se libertem de velhos vícios. Não há mais espaço para disputas religiosas, a partir do instante em que se compreende a proposta Divina para a Humanidade. Não há favoritos e nem perseguidos, mas filhos amados. Todos são irmãos e absolutamente todos se salvarão. A certeza desse maravilhoso amor a aquecer a Criação inteira traz paz e esperança. Não é mais preciso temer o futuro e o destino. Tudo se encaminha para o mais alto bem, ainda que de forma pouco compreensível no imediatismo da vida terrena. O relevante é amar o semelhante e instruir-se na compreensão da vida, a fim de ser um agente do progresso que gradualmente se instaura. Trata-se de uma água viva, plena de fervor e idealismo. Ela propicia o apagar das paixões e o arrefecer do egoísmo. Faz cessar para sempre a sede de sensações. Apresenta um propósito de vida viável e plenificador: ser melhor, mais útil e generoso a cada dia. Pense nisso.

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